Ostras são mágicas. Não tem meio termo. Ou voce gosta ou não. Porém este radicalismo pode mudar se entendermos que ostras tem sabores e texturas diferentes. Se voce provar uma ostra do Ivan Taffarel (Praia do Sonho) ela terá um sabor. O cultivo dele esta localizado em uma baia aberta nas proximidades do extremo sul da ilha de Florianópolis. Na praia de Sambaqui o sabor da ostra é totalmente diferente. Segundo o meu amigo Guilherme Rupp, o que define o sabor dos moluscos são as condições do ambiente aonde crescem. As variações são diversas. Desde salinidade até ovação. É complexo, mas o que eu mais me atrai é experimentar e tentar descobrir o que esta acontecendo com a ostra. Na minha opinião é como o caviar. Tem que ser comido acompanhado de uma boa bebida. Acho que o ideal é um bom champanhe, espumante, vinho branco ou até rosé.
Existem referências históricas sobre comercialização de ostras entre os naturais da ilha de Florianópolis e os navegadores europeus do século XVI. É o caso da Relación de lo recibido y pagado por Enrique Montes en la isla de Santa Catalina que é um manuscrito de 1527 que se encontra no Arquivo Geral das Índias de Sevilha, Espanha. É um dos primeiros registros das transações comerciais mantidas entre europeus e indígenas na costa sul-americana. O texto está publicado na obra Expedição e Crônicas das Origens - Santa Catarina na Era dos Descobrimentos Geográficos do historiador Amílcar D'avila de Mello. Enrique Montes registrou:
"Também dei, por 26 cargas de ostras, 2 tesouras, 24 punções e 24 anzóis".
No século XVIII há um registro que é motivo de orgulho para os Florianopolitanos. Transcrevo abaixo:
"Também dei, por 26 cargas de ostras, 2 tesouras, 24 punções e 24 anzóis".
No século XVIII há um registro que é motivo de orgulho para os Florianopolitanos. Transcrevo abaixo:
“Um espanhol nos trouxe um dia algumas centenas de ostras: que eram muito maiores que as ostras brancas de Saintonge; suas cascas tinham pelo menos 5 polegadas de diâmetro. Não se comem mais gordas e melhores em França. Era um verdadeiro creme fresco, pelo gosto e brancura. Fizemos todo o possível para contratar o espanhol e descobrirmos, então, o lugar onde as pegava, mas todos os nossos cuidados foram inúteis pois ele guardou seu segredo, como se fosse interesse do governador.” - PERNETTY, Antoine Joseph – Florianópolis, Novembro de 1763
Texto estraído da obra "Ilha de Santa Catarina; Relatos de viajantes estrangeiros nos séculos XVIII e XIX"; compilado por Paulo Berger. Florianópolis, Assembléia Legislativa, Assessoria Cultural, 1979, página 101.A obra original se chama "Histoire d'un Voyage aux isle Malouines; Pernetty, Antoine Joseph; 1763 & 1764.
Então é isto... Ofereço abaixo uma receita para quem quer aprender a comer ostras.
Foto: Clovis Medeiros |
Ostras do Bom Pescador
INGREDIENTES |
18 ostras abertas cruas, cortadas ao meio e mantidas em uma peneira até ser utilizada na preparação; |
200 g de nata; |
1 colher (sobremesa) de cebola bem picada; |
1 colher (sopa) de manteiga; |
1 colher (café) de sal; |
12 conchas de ostras (somente a parte côncava); |
Massa básica de empadão (ver receita abaixo); |
2 gemas batidas; |
1 limão. |
MODO DE PREPARO |
Em uma panela ou frigideira derreta a manteiga e frite a cebola até ficar transparente. Coloque as ostras e cozinhe por 2 minutos. Acrescente a nata, sal, salsinha e mantenha por mais 2 minutos. Leve à geladeira por 30 minutos. Quando a preparação estiver fria, recheie cada concha com 3 pedaços de ostras e complete com o molho. Após preencher todas as ostras, estique a massa de empadão entre 2 plásticos e tampe as ostras com esta. Pincele a massa com a gema e asse até que estejam douradas. Sirva com limão devidamente cortado. |
Massa Básica de Empadão
INGREDIENTES |
1 kg de farinha de trigo; |
400 g de margarina; |
1 ovo; |
1 colher (café) de sal. |
MODO DE PREPARO |
Misturar todos os ingredientes até formar uma massa lisa e que descole dos dedos. |
Este Blog esta sendo uma tortura para mim!! Ou eu compro uma passagem hoje mesmo sem escala para Floripa ou eu aprendo de uma vez por todas a cozinhar que nem Narbal Correa! ahaahahaha
ResponderExcluirFalei com a Vic hj, querida!
Saudades
Boa Narbal! Estou passando uns dias em Sevilha. Ontem, por mera curiosidade, tive em mãos o original da preciosa Relación de Henrique Montes.
ResponderExcluirParabéns pelo blog. Vamos ter que degustar umas ostras dessas, para que não fiquem sendo só ".com"
Abraço!
Amílcar
Ostras do Pateta...
ResponderExcluirRealmente, a criação do Ivan inspira...
Como disse Hemingway:
"Quando provei as ostras,...perdi aquele sentimento de vazio, passei a sentir-me feliz e comecei a fazer planos”.
Abraço pra ti, Narbal.
Patrícia Hartmann